domingo

frívolo

Na onda me vou
Encarnado e distraído
Vago
Dourando-me
Sendo anormal
Pessoas normais vêem big brother
As anormais escutam bepbop
Vou comer no prato que cuspi
A morena do horário nobre é altamente...
Não existem descrições
Continuar inventado novas palavras
Fervilhando  por dentro da pop onda
As carpideiras do século vinte e um choram gratuitamente vendo a novela das oito
É tudo gloria neste país calorosamente surreal
E onde termino este escrito?
Deixa estar...
A pororoca vem com força!

sexta-feira

hay ho

Existem esses árduos “ingleses” cariocas
Que cultivam a pele alva e o rock europeu
Não cultivo mau algum
o rock pode ser tupiniquim e será
Regurgito as regras crio demandas
Sangue polaco com mix de pernambuco  curtido ao sol de Ipanema
Presente
cá estou 

Cultivo as hippies dos séculos contemporâneos
Apaixono-me pelas punks
Bebo na fonte do rock samba

Hoje ando esguio limpo cheiroso cabelo cortado e etc e tal 
Continuo com a alma de um punk dos meu 15 anos mordazes
Algumas coisas prosseguem como dantes
Nem escuto mais os Dead kenedys, mas amo as moças dos Ramones e companhia
Tremenda covardia
E seguindo o rumo que tracei e desacato
Como sempre curtindo o barato que criei
Vou pelo caminho que conheço e me convém
Vou colocar na radiola meu camarada Jorge Ben


estéro

Estilhaço todo meu estilo e
Prepondero
Sumo no êxtase de deixar de existir
É tudo tão denso nesta manhã chuvosa
Sem alarde consumo café com leite e carrego o mundo na bagagem
Tantas bobagens
Os trocados da passagem e um bocado de sono
E me vou
Rumo certo cabeça a premio e desdenho
Abro o portão me lanço nesse dia feroz e estereofônico onde tudo é...
Nem sei adjetivar
Vontade de berrar
Mas só por dentro
O fim de tudo é lírico
E eu que não sou rico
Vou me lançar no risco
De tentar não saber de nada

podes crer

Eu li em teus olhos o medo de poder  me ter
E não consegues

No polegar um anel barato
Na cabeça uma pá de grilos

Na garganta sufocado um grito

Porque não guardar a magoa pra depois
E gozar em amplitude?

quarta-feira

flagelo

me perdi
me achei 
acabei na metade
tudo soa santo num dia manso
e acordo "pradiante"
me chamam de anjo benzinho e tudo mais
e o que sou?
me achei me perdi acabei de fronte
todo manso e absorto
por dentro dos teus botoes
sem absoluta valentia

são e solido

eu ando deslumbrado por ai
me confundo
e tudo o mais
faz parte da minha historia os pilotis
os ai e uis da caverna  do dragão
perdi a memoria numa esquina colorida
reencontrei domingo a noite
é tudo tão lúdico
e rio-me
lasco-me 
e profano

sábado

DELIRIO RUBRO

Ao som de qualquer rock

Esganiço

Tento qualquer enguiço

Demandas démodé de um pobre Zé

Que sou eu

Não me abandone jamais

E deliro e durmo sozinho

Quanto será a peleja amanhã?

Uma vez flamengo forever mengo

Porque se o mundo caminha em línguas de outras pátrias

Meu flamengo de Holanda jamais deixará de ser tição

Somos todos catiços mestiços filhos dos pretos árabes do farto lundu

que onda

E rio e danço
E enguiço
No rebuliço somos mais
Nós atemos ao acaso
Sambo e suo
 me esqueço
O garçom vem com empadinhas de queijo e camarão
Eu queria de palmito
Ordinário
Quero tudo que não posso

finis hominis

Rasgo o verbo na construção abstrata
Você diz-me babaca
E me calo
Sorrio enfastiado
Tu virás os olhinhos castanhos
E eu uivo e sorrio
Sem pudor
Você mansamente lava a louça
Questões insólitas deste século
Tudo tão iconoclasta
e nos comemos
E onde vamos parar?
Não sei não
Qualquer coisa bota a culpa no Sarney

domingo

perder de vistas

Quem tava no papo
Inteirou-se
Quem não ensimesmou
E gritou quem?
Não devemos dormir no ponto e se possível dormir de conchinha menos no verão é cada um por si no colchão de molas das casas Bahia
Porque a felicidade não é a prazo e sim a perder de vista


No lundu danço eu e dança tu
Esparrela demográfica
Da dinastia nagô
Meus avôs de umbigadas e quimbanda
De Luanda e alem mar
Pessoas fartas de quimera malandragem

De centelha esperta fez-se vida
Queridos seres pernetas
Malungos destemidos
Que da vida se fez alvo
Escapou mas não escapuliu
Da terra do pau Brasil
As pernas zigue zagueam no azougue sagaz
Do baticum ancestral, todavia perseguido
E continuam por ai ferozes até por dentro de mim
Buscando na malemolência um lugar ao sol ou somente um lugar a sombra, pois o sol nesta terra já é por demais


sábado

preciso de sal de frutas
de um xamego mordaz
de tudo mais
vou te dar uma colher de chá e beijo na boca
vamos a praia e as favas
por que esse dia de sol está atentando os meus pudores

nada alem

porque faz um calor feroz lembro de você
é um dia qualquer quente pra cachorro
e lembro de voce
sabe aquele filme?
não vi
aquele livro não li
mas saudades são tantas
e lembro daquele dia que ainda não te conheci
toda sentança uma moral
toda exatidão um carnaval

todo amor epopéia

todo filme pipoca
toda obra postuma

e onde eu me coloco?

segunda-feira

o ultimo toque do oboé calou fundo no mar de joão pessoa
eu nego minha dores
e existo em exaustão



o oboé já se foi e o coração se ilumina ao som de um tango
parte que amei deveras como netuno sem valia
mas a vida é doce temos que acreditar....
e iemanjá sorri no dia de los muertos
pro tio zeca in memoriam

os amigos dos amigos

SÉQUITO