segunda-feira

ao Tim (inacabada)

Delírio trêmulo de madrugada sem sal

ao som de Tim  reverbera-se todo amanhã
sigo pastando nos corações
mordendo os lábios querendo festa
pelas frestas não enxergo
te venero além de tudo
rumino ao som da vitória que rege meus sentimentos impuros
cá estou em cima do muro
cortante
caretas inóspitas do início do outono
permaneço atonal
nem ligo se tudo acaba no fim da faixa
se nada mais tem graça
sem sal sem sono ao som de Tim prossigo sem dona 
sonhado com a polônia e os quitutes de maria


já era madrugada

meu coração
                                        não derrete
pra que ser tão racional todos os dias pares?
Me dissipei ao léu com sabor de coca-cola  sem gás
nem pras gerais  irei  ( ver  mineira alguma )
no outono permaneço atônito entre farpas e flocos de sol 
haja clavas pra derrubar tanta amargura
a manhã se inicia com graves e agudos
 eterno  retorno
o ti ti ti de Tim ecoa pelos nossos corações impuros que são só um
vou verdejar se te chamo e nem liga 
deixo pra lá quem sabe um dia
o telefone não toca não marque toca 
deixe o sol entrar
ocasião da o tom e se confunde 
desligo
ao som de Tim vou em busca de um lugar neste trópico cafuzo
trôpego e confuso sinto-me grato
eu grito quando eu quero
me calo se convir  no fim de tudo fecham-se  as pálpebras 
é terno retorno 
somente  em pensamentos    digo amém



soberba sobra

Feito o efeito fátuo
as sobras
qual o preço?
Sou moço dizem
exaspero meus poucos anos
as dívidas não cobro
custam caro
reboco minha alma
navego no raso
tudo tão absurdo
mudo só rio sem temor
a boca cheia de dissabor
inútil ser útil quando chove aos montes
por ai só rio mesmo sem querer
vasto quinhão um samba se repete
blusa amarela fico por aqui com o mundo a minha volta permaneço sozinho
aos mil volts ligado não abrigo
não ligo desligo
 toda alegria é difusa
num canto em esperanto não digo amém
pornografia desmedida na madrugada cinza colore a solidão
eu de novo volto ao ovo e do leite expurgo o tédio ainda restam dez dedos e neuroses vis
conto até dez conto até dez conto até dez já são mil
palavrão e palavrinhas ecoam no meu cérebro oco
o jazz rodopia se esvai pela pia
vejo o mesmo filme melancólico
uma dúzia de vezes
o mesmo azul
sou moço dizem
almoço o que jantei
caguei regras roubei no jogo
quanto custa?
Tudo tem seu preço
 haverá troco?
Troco socos pusilânimes comigo as 6 e 20 da manhã
um dois três conto até 6000 mil pra ver onde termina minha paciência
rio por querer não rir
do contrário inóspito
mero marasmo de mais uma aurora
meus olhos já não piscam
minha boca treme eu rio por querer não rir
mais de dez morenas fugiram da minha vida
mais um crepúsculo inóspito
ocasiões insólitas relembro minha operação de fimose da apendicite da janela que estilhacei
do meu amigo gay e dos amigos que não tenho
um samba toca sem parar
quanto custa um samba?
Quero toda água da chuva toda paúra que não tenho todas as gatas vira latas que miam sem cessar
peno-me apeno-me dentro de mim
custa caro
vasto vaticino meus erros
lembro de minas gerais de uma loira de anos atrás de calcinhas bege
tenho fome
quero colos e acalanto
um samba toca com pesar
eu aqui petrifico meu unguento de fingir que sou
o que não sei
se tendo
atento em ser moço ou crio neuroses de ser velho e já ter nascido quando não
feridas pungentes sem malemolência doí o quengo oco da madrugada feroz
já é outro dia
sem sol sem riso sem dinheiro
quero alento e acalanto
venta e falta luz
com certeza custa caro o lírico lânguido sabor de existir
exaurido no crepúsculo sem adendos louco durmo e sei lá
quando acaba o cigarro

volto de onde surgi


os amigos dos amigos

SÉQUITO