Sou poeta,
na ponta esquerda
apaguei.
fui doce um dia.
lá as vezes não há sol...
aqui vivo na falta de soldo...
se eu soubesse que te chamam Sandra,
preferiria continuar sórdido.
beijos no pescoço...
cobrando bajulações mesquinhas
seria eu marciano?
caso fosse do interior de algum lugar.
aqui não há gratidão...
nem beijo na boca.
nem vitória precisa.
aqui os trocados são parcos
brigas são fartas.
minha carne é de porco.
o espirito é santo.
jogo aos leões todo resto de antipatia:
tenho cada vez menos, dentes.
paciencia esvaiu.
sorvete congela meu desejo.
na fotografia impuro como sobrecoxas sobre as coxas de Narinha.
quero que todas sejam minhas tietes.
ao som da flauta doce mudo de ideia conciso.
não concluo nem pago minhas dividas
preferia eu. que se chamasse, Claudia.
que fosse medeia e não medusa.
que fosse musa, e não me usasse...
que fosse mulher de classe.
e sei lá...
me aborreço, ao som do silencio clássico.
os passarinhos fazem ninhos lá em genebra.
eu continuo aqui e sozinho.
escuto as teclas que teclam de mansinho.
são meia noite eu tenho fome de desejar.
você que se chama Laila, que me traz raiva e um filme do Godard.
paro por aqui porque depois não haverá ditongos pra concluir minha comoção em forma de poesia
nunca sei se sei...
as dez pras seis.
melhor deixar pra lá...
viver casto é solução?
No marasmo tolo
acho melhor não...