Existem mil poemas em meu quarto
muitas cobranças de fato
meu irmão quando nasceu ainda existia discos de acetato
cedo com alguma sede e encanto
há desejos e esperanças enfim
me cobro sem cobres
me cobrem com certezas
nas incertezas
inglório
dentro do meu mundo vagueio
nunca escuto a campainha que demanda o termino do recreio
voo cego
alguns delírios, pequenos delitos, vários deleites
o melhor e o pior de mim sempre virá
forço-me
acato-me
acabrunho-me
já passamos de junho
de camisa cor de rosa sorrio
apesar de tanta nebulosa
no meu quarto além de cobranças e poemas
resisto
nem tão estonteante ou estóico permaneço caótico sorrio de camisa cor de rosa
já passamos de junho
é fato
todos são um mero retrato de quem fui e já sou
caboclo dos anos 2000 que tento me achar no tempo e espaço tacanho de camisa rosa sorrio.
está manhã pensei em escrever um poema...
cá estou
cá está
no meu quarto existem mil dilemas
livros na estante jornais de ontens virulência e pornografia
existe calma e mais de mil poemas
falo muitos palavrões
de junho já passamos
me calo ao som das teclas
tic tac sigo sólido
solidão convem
de julho passamos
não há gostos cheiros
as traças consomem meu sono
anti heroico sigo mudo
resisto sigo nulo
apesar de tanta nebulosa
cá estou vivo
na estante
aniquilo
todo pesar através de fantasias de outrem
lembranças de todas as meninas
do caos emerge harmonia
será que inda resta alguma simpatia?
(Mesmo que por telepatia?
Está manhã pensei em escrever um poema
cá está
cá estou
o que resta é um rock vadio
no estio permaneço vazio
cá estou
no arrepio
presepando no intuito me mando
vou ver um filme do Godard
me lembrar de contas a pagar
sei lá
será que o fim é sempre mero começo?