domingo

sei lá numero cinco

eu queria uma vigarista
loira morena ou sei lá....
uma dessas
moças batutas
que se encontra num café de livraria mas que no fundo
nos identificamos
pois não valemos
nem 50 centavos
eu começo o domingo
num baticum
e termino
com dor nas costas e tudo o mais
e meu coração
dança 1 mambo
na virada de 2009

terça-feira

sei lá numero quatro

estou cansado
dessa chuva idiota
essa é uma cidade litorânea
litorânea captou?
eu ordeno um punhado de sol
pra
fazer
meus
poros
mais
amenos
tolo
tolinho
vai ficar tolhido
se doendo
porque a previsão
é que o mundo se acabe em 2012
será que existe praia na outra encarnação
deus nos ouça

sei lá numero 3

desvairado desavisado e sórdido
será que eu grito?
ou escuto bossa nova?
tudo a mesma bosta
não!
a sorte não está quer deixar recado?
é iminente
lance os dados
e entraremos em guerra
vou atacar a china
e tiro 1
um?
como tira 1 se jogou dois dados?

sei lá numero dois

a caixa com as colheres
da sobremesa
que abocanho 
depois da janta
estão guardadas
o meu âmago se esvai em tintas
e chove chove
e nada tenho pra fazer ou pensar
nada
queria sol
sol
e mais um bocado
falta trocados e pernas o guarda chuva tá furado
puta que pariu o que eu faço da minha vida?


sei lá

caótica afeição afoita
brincadeira de criança
falatório
todo dia de marasmo
coca cola e nostalgia
sem dinheiro ou simpatia
antagônica crueldade
tudo tem um toque histriônico
amplamente faraônico
no estilo farofa hard rock

segunda-feira

fóssil


Tenho sono e mais dois cigarros
                  Não tenho nenhum amor
 Nem um cartão de credito internacional
                                                       Sou do rio de janeiro
Por ser daqui nasci branco e fiquei moreno com o passar dos verões
                                                                A cara de pau 
Óculos de grau e um monte de historia pra contar
Um sorriso franco           um metro e noventa e tanto
                                                                                             E o que mais?
Não fui batizado 
crismado etc. e tal
Filho de marxistas, socialistas 
                                         flower Power

 Na manha da infância me deleitei
                                                                         Em Mauá sucumbia  
no sana despiroquei
Na crise dos vinte me mandei pra Bahia 
Axé shalom!
Chegando aos trinta encontrei a luz
E cá estou
Com sono sede 
fumando marlboro  
Sem amores ou  pudores
Amando o rock and roll a bossa e os quitutes de naná
Sou um misto de dois mil sabores
A mais fina iguaria 
feita por papai e mainha
Sai folgado e caprichoso
Chose de lock 
na lingua mater


 lelé da cuca
Carioca mestiço que ao nascer já deu enguiço
Botei pra quebrar causei maior rebuliço
Podendo ser assim
Curtir tanto um sedech de pessach

Ou um domingo de páscoa
E é isso sono fome sem amores e um cigarro em brasa 
me vou
o colchão aguarda toda minha prepotência

sexta-feira

carranca

de estômago vazio
não se pensa
não se cria
não vive-se
a fome não é zero
e sim
o comportamento
deus não da
nem deu
nem vai
se consome
e se corre 
atrás
de que?
mera ilusão
viver
e na panela
a alegria
de quem?
se eu pudesse

que coisa besta
não se cria
não se vive
não se consome
na vida
é lobo comendo o homem
e versa o vice
e todos festejam
onde corrompo?
e me vendo?
quem me vê
nem sabe ao certo
e tudo se acaba
com desejo e cheiros

sem essa numero 0

sabor estúpido 
de coca cola vadia
com teor parnasiano
um dia após
outros

de calores sórdidos
cai chuva e acordo na ânsia de sermos campeões 
não ganho por isso
mais há sabor
sou brasileiro
de um século que passou
a vista se perde através de óculos de grau
mansamente caótico



terça-feira

lá em acari



Deus fez o homem e a mulé
Cabral descobriu o Brasil
Pelé fez mil
E onde eu entro nessa historia?
Nem ao céu nem ao leu
Nem de quipá nem solidéu
Nem etíope ou comunista
Muito menos contundente
E onde nós entramos neste samba cafuzo?
A ralé do parangolé sabe qual é?
O tupinambá já sabe se já é?
O etrusco sabe cumo é?
Sadam  Hussein morreu na forca
O Joaquim José também
Porem 99 não é 100
Beijo na mariquinha
E pra espinhela  caída tenho uma simpatia

cagando regras

Estou no banzo
 no beiço
Apalpo os apupos sórdidos
Nada ao alcance de minhas mãos suaves
Neuroses tênues
Saborosa devassidão
E é tudo pelas tabelas
Tabulo o lógico
Pulo a poça e dou o beiço nos amores

fim

Dia de um dia qualquer de quase final de um ano do  século vinte e um
Dia solido estupendo
Desses de contos de fadas
Coisa rara na alma e na retina 

AHÃ



Só porque ando de Nike  não serei eu um socialista?
Socialista é o hot dog de 99 centavos

o chinês vende a um e meio seu pastel raquítico

Seu eu te disser que não te amo mais benzinho?

É triste a vida no hemisfério sul no século vinte um


Apesar de tudo ando feliz

Será que te classifico como poesia?
Quem irá me dizer o que se deve fazer?
Na vida tudo se sugere o resto se acata e the end.


bobagem


                                              
                     Eu só queria
Dormir
          Dormir
E dormir
E
Eu nem gosto
                      De filmes populares
                      E doce de batata
                      Sem graça
                      Supérfluos gorantes
                                                      E
                                                       S
                                                        T
                                                        I
                                                        L 
                                                         O
                                                               Bobagens tônicas
                      

maroto e morno

Fruindo com a cabeça oca
Desejando muito
Doce e com magoas
Sigo dolorosamente itinerante
Já se foram poucos anos
Tudo bem, mas nem tão certo
Ao ir me acorrento
Ao lugar farto de Dia afoito
Beleza em forma farta
Tudo ralo
E o dia estanca
Maroto e morno

os amigos dos amigos

SÉQUITO