quinta-feira

Em algum lugar do mundo um boçal se suicida

Em algum quarto escuro sorri margarida
Os ovos frigem


Os homens fingem

A vida passa

Tudo áspero gasto manso ou denso

Pode crer que passa
É aço é raça é casto?


Talvez

Um amigo ri
Uma mulher compra

Um homem rouba
Passa a vida lentamente

Latejante e ruminativa

perdeu


Eu fumo
 Ela se esvai

Na fumaça dos meus pensamentos

Doentios

Eu só queria aqui
E não

jaz

Na fumaça incolor
Some
 Enquanto ela
Aqui
 não

Frutas e neuroses atenuam
Fumaça

Fumaça

fumaça
Cigarro de dois real sem nenhuma realeza
Já foi princesa
Hoje cobra coral de olhos virais
Restaram as vísceras e o som do violino
Ai de mim
não tem pena?
Fumaça

Fumaça

fumaça

Acabou a graça

sem graça
Fiquei atônito

Suplemento supérfluo de um barato mesquinho

Faço o que quero?
Desespero

Viro bomba de gás lacrimogêneo
Choro sem lágrimas

Um chorinho acalma minhas fortes emoções






fúlgido

Um sol manco
De um dia bom
Vivo estou
Nas ruas ao acaso sonho
Sonho ao acaso pelas ruas
sigo
Sem sapiência
Se eu não posso
Não me sujeito

domingo

detenho-me e bum

Tentações cotidianas
Dos subúrbios aos meridianos
Leves enganos

Não meça

Emoções baratas

Barbada iconoclasta
Facilmente fútil
Difícil é dizer não

Axé baba

Não vou daqui pra lá

Demovo todo caos

Bobagens meu filho

O universo conspira ao meu favor
Meio cigarro e caminho útil

O inferno sobrevoa ainda que à tardinha

Meio dia sardinhas no quintal

Devolvo as emoções de plantão


No cotidiano medonho dessa cidade aparvalhada

Caio por dentro de mim à noite me acompanha
Axé baba
Desfiz-me dos planos
O cotidiano me engrupiu
Restam os na
cos de mim e as neuroses de todos
O pavor e o riso solto

Difícil é dizer não



buliçoso



Bulo no rebuliço

Vespeiro vespertino

Sem tino

Menino!

Rastros deixo
                                                           Fujo


Encostado no poste

Fumego as idéias 

Que horas vamos?


Devaneios
Meu emocional acordou torpe
Pra que mentir?

Serpenteio-te sem bandeira
Não nego
Gestos gentis

Dentro de mim

Bocejo
Solidão
Pipocas

Nenhuma emoção


Canção do altemar
Lembro de ti
aqui em casa acabou o gás 



terça-feira

ai como era grande

Pra passar o tempo escrevo
Porcas linhas 
sem renda
ou  
 exatidão

Minha cabeça oca grita e ecoa
Açoites involuntários num inconsciente  inconstante 

tudo é memória

Vasta, estupefata, ingrata

                                                                
   
Às vezes marlon brando habita meus sonhos


Misérias estéreis de momentos planos
Navego aporto escarro

De dentro do carro a loira dos meus sonhos saltita
Vem te dou casa e comida

Não lhe interessa?


Creio no seu freio e abraço


Doce feitiço vespertino despertou este menino

Numa vã quimera

Já era 


se foi

Vôo sólido sem culpa e artimanha
Perdi o rumo era pra escrever  pro tempo passar

Loira sacripanta levou o meu olhar


O banco fechou o tempo fechou o sorriso abriu e o sinal também
Foi-se a loira sem demora 
meu pensamento ficou 
só findou depois da aurora  




sábado

em ritmo de festa

Saiu estampada na capa
A musa do verão
                        e sua pulsante bunda 
    liquidificante 


Em demasia meu pau endureceu

Ah essa parva magia cotidiana...

De ancas em ritmo de festa

os amigos dos amigos

SÉQUITO